Apagão da internet mostra a ciberdependência da Sociedade da Informação
A sociedade está doente com esta dependência?
A dependência sistêmica da internet faz com que serviços básicos deixem de funcionar? Isso é incapacidade?
Um Estado que quase pára quando 68% das conexões à internet param de funcionar é um Estado com problemas mentais?
É uma questão de ponto de vista. Se considerarmos que a alienação é um problema mental, deveremos responder afirmativamente. Mas, se considerarmos que a escolha por "tudo informatizado" é simplesmente a única via de atingir a modernidade, a resposta será mais branda. Tome-se como exemplo a calculadora. A geração jovem atual nos países que generalizaram o uso da calculadora na escola é certamente muito menos forte em cálculo mental do que a geração precedente. Hoje, os contadores deixam de trabalhar se há uma pane informática, a administração fica paralisada se há uma perda de conexão, mesmo que seja para entregar um certificado banal! A perda de uma capacidade corresponde mais a uma "deficiência" que a um "problema mental".
Em suas manifestações mais amenas e no contexto da "sociedade da informação", a ciberacumulação é um novo etos cultural?
A mutação que nossa sociedade está em via de viver, graças às novas tecnologias da comunicação, é imensamente mais profunda do que parecemos mensurar no momento. A 'sociedade da informação', em termos psicossociais, é a árvore que esconde a floresta da 'sociedade de consumo'. A angústia do homem moderno está em encontrar os meios de consumir e possuir. Pouco importa se o filme que se baixa é a versão italiana de um filme japonês que o francês nada compreenderá. Baixamos arquivos porque estão disponíveis e gratuitos, além de ser agradável o fato de constituir uma desobediência à lei que proíbe o download ilegal.